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Gestão in foco

O Brasil pode dar certo? Quando?

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Em entrevista para Gestão in Foco, Gustavo Loyola, economista do ano de 2014, apresenta a real situação do país e caminhos econômicos e para o empresariado.

GustavoLoyola

O momento é de preocupação generalizada no Mercado com um horizonte cheio de incertezas que afeta principalmente os empresários, que querem saber sobre perspectivas e caminhos a serem tomadas. Frente a tudo isso, a postura de um dos maiores economistas brasileiros Gustavo Loyola é que não deve haver desespero.

Ele falou com exclusividade com a Gestão in Foco sobre o futuro do país e para ele, apesar dos frequentes erros, ainda é possível acreditar no país. Veja a conversa com o ex-presidente do Banco Central por duas vezes: entre 1992 e 1993 e entre 1995 e 1997 e que recebeu o prêmio de “Economista do Ano” de 2014. Atualmente, o economista é sócio da Tendências Consultoria.

Veja os principais pontos do bate-papo:

Cenário para 2015

O cenário econômico brasileiro para 2015 não é positivo, pelas análises feitas pela Tendência Consultoria vemos que teremos um baixo crescimento econômico, com inflação em alta e um cenário político instável, principalmente com o Lava Jato, investigações relacionadas a corrupção na Petrobrás.

Além disso, esse ano será de pesados ajustes de nossa política econômica, como já estamos observando e ainda existe e risco de racionamento de água e energia, o prejudica ainda mais a perspectiva, pois, se isso realmente se concretizar os resultados serão desastrosos. Enfim, as perspectivas não são boas para 2015, mas já era esperado, pois estamos pagando por erros de nossa administração pública nos últimos anos.

O Governo Federal se descuidou em muitos pontos realizando uma péssima gestão fiscal, que prejudicou a produção , refletindo diretamente na inflação. Resumidamente, nos últimos anos uma administração pública errou e agora chegou a hora de todos terem que pagar a conta.

Saídas para o Governo

Felizmente existe uma luz no fim do túnel da economia brasileira, mas isso só será viável se o Governo conseguir realizar um pesado ajuste fiscal e se não tivermos  mudança em nossa nota de risco de investimento, como ocorreu com a Petrobrás.

Também se tornou fundamental o controle mais acentuado para reduzir a inflação, mais isso não acontecerá neste ano. Enfim, é imprescindível que o Banco Central reveja seus conceitos sobre economia e politicas de crescimento, bem como o protecionismo. É necessário que sejam priorizadas políticas que estimulem investimentos em toda a cadeia produtiva, e que se proponha uma reforma para produtividade.

Contudo, essas mudanças passam por duas dúvidas: a primeira, existe vontade política para reconhecer os erros do passado e dar uma guinada de 180° no que foi feito até agora? Por mais que tenham colocado como ministro da Fazenda o Joaquim Levy, que possui mais característica de mercado, parece que essa mudança não será na amplitude que deveria, principalmente quando observamos que a Presidente Dilma está mais preocupada em colocar a culpa nos outros do que assumir os próprios erros.

O segundo ponto é a condição política, pois o Governo terá que ter uma forte articulação no Congresso Nacional, principalmente com o PMDB e outros partidos da base aliada, pois a relação nunca foi tão frágil. Além disso, existe a Operação Lava à Jato, que enfraquece ainda mais a situação, com sua perspectiva de grande estrago no Governo e no Congresso.

Por sinal essa crise da Petrobrás também tem repercussão na economia como um todo e principalmente nos investimentos, sendo que cerca de 10% de todo investimento nacional advêm da Petrobrás. Assim todo o nosso investimento em infraestrutura também é prejudicado.

Ministro da Fazenda Joaquim Levy

O atual ministro da Fazenda Joaquim Levy enfrenta efetivamente dois problemas. O primeiro é o grau de apoio que ele terá dentro do Poder Executivo e no Congresso. Dentro do Executivo o apoio total é muito provável, pois são muitos os incentivos que fazem com que a presidente Dilma Rousseff de carta branca, pois ela sabe o risco fiscal e econômico que o país está correndo, e que são poucas as alternativas.

Já no Congresso a coisa é um pouco mais complicada, principalmente com a Operação Lava Rápido e outras denúncias que estão criando instabilidade política. Contudo, a esperança é que estamos atravessando uma crise, e em situações extremas normalmente o Congresso se alinha para apoiar medidas duras e necessárias.

O segundo problema que ele enfrentará é que as medidas que estão sendo tomadas, por mais que já sejam pesadas, são claramente insuficientes para atender à meta de superávit primário, que é de a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB – soma das riquezas produzidas no país), e isso se deve ao fato de que os dados relativos à 2014 já foram pior do que o necessário e também por que no começo desse anos os dados já mostram que a arrecadação é bastante ruim. Assim se torna necessário que se consiga de R$50 à R$60 bilhões para ajuste.

Assim, o Joaquim Levy necessita tirar um ‘coelho da cartola’, tendo que buscar novas medidas de economia e para aumentar a arrecadação, sendo necessário abrir uma nova agenda de ações que não serão positivas para imagem. Não adianta o Governo se preocupar com popularidade e crescimentos a curto prazo, pois, o preço a se pagar pelos erros dos últimos anos será muito sacrifício. Redução da desoneração da Folha de Pagamento, que logo em seguida foi devolvida pelo Presidente do Congresso

Posição para os empresários

Chegamos em um momento em que o empresário tem que manter a serenidade, nada adiantará entrar em desespero ou cometer atos impensados. Estamos atravessando uma crise, mas, não é tão grave, o problema será a estagnação. Nós estamos passando por um período de provação, com duros golpes na corrupção e isso pode ter fortes reflexos no futuro. Acredito assim que teremos um 2016 melhor, com crescimento. Podemos até mesmo sair desse período como um país melhor, com instituições fortalecidas e que funcionam. A economia vive períodos de altas e baixas, mas é importante que o país não está saindo do trilho, buscando as correções necessárias para o momento. Para o empresariado é importante também aumentar sua participação política. Contudo, não adianta pensar em impeachment, que não nos levará a lugar nenhum, tem que buscar resolver dentro do que estamos vivendo, e refletir melhor sobre nossa atuação nas próximas eleições.

Limites do Dólar

Não adianta o Governo tentar frear a alta do dólar com ações direto na moeda, o caminho é assegurar a tomada de medidas corretas e aguardo que isso reflita na estabilização da moeda. A tendência de alta depende de várias questões dentre as quais a política, sendo que o valor da moeda flutua com notícias ruins. Assim, em função do momento que passamos a moeda americana irá flutuar fortemente, não tendo teto a esta altura. Podendo ir até mesmo a mais de R$3,10. Mas isso não é o mais provável, segundo estudos acredito que ele se estabilize entre R$2,90 e R$3,00.

Gráfico

PIB positivo ou negativo?

Por mais que o Governo ainda afirme que o PIB deve terminar positivo, as projeções que temos feito apontam um valor negativo, em torno de -1,0%. Contudo, existem fatores que podem influenciar nesse valor, por exemplo, caso realmente ocorra racionamento esse número pode cair para até -2,0%, daí efetivamente estaremos em uma recessão. Contudo, para o próximo ano as projeções são um pouco melhor com crescimento de 1,0% e 2,0%.

Necessidade de Ajuste Fiscal

Um dos maiores problemas que o país passa é a necessidade urgente de um ajuste fiscal. Isto é, é necessário que o Governo gaste menos, diminuindo em muito os valores atuais, além de aumentar a arrecadação. Ocorre que ocorreram abusos em benefícios fiscais, como é o caso da desoneração, que além de não ter dado o resultado esperado de aquecimento da economia, também destruiu a arrecadação. Assim, é necessário restaurar essas perdas, e isso não pode ocorrer sem aumento de impostos. Por mais, que se reduza os gastos, o que é possível reduzir está em apenas em 10% dos valores totais, pois o restante já está comprometido. Por isso, é hora que diminuir consideravelmente os investimentos, e manter a carga tributária elevada, senão a conta não irá fechar.

Alta Carga Tributária

A questão da carga tributária é uma na qual todos os envolvidos tem razão, o empresário principalmente, que tem razão de reclamar que ela é muito alta, hoje para se ter ideia, cerca de 37% do valor de um produto é referente a carga tributária, contudo, não temos a maior carga tributária do mundo. O problema é como é utilizado esse dinheiro. Além disso, possuímos uma carga muito complexa, o que penaliza em muito a competitividade de nossas empresas. Para se ter ideia, temos regras específicas de ICMS para todos os estados brasileiros. Assim, o assunto é muito mais complexo do que aparenta.

Uma reforma tributária teria que abranger toda a nossa federação, alterando até mesmos questões referentes a autonomia dos estados. Nesse ponto nasce um complicador, como chegar em um acordo entre os estados . Esse assunto de partilha é delicado. Além disso o tamanho do imposto é proporcional à fome do estado que gasta muito, principalmente para beneficiar alguns setores da economia.

Hoje com a política implantada pelo Governo toda empresa busca vantagens oferecias, como é o caso de subsídios da BNDES. Para se ter ideia, ele é um dos geradores de uma taxa de juros de quase 20% ao ano.

Endividamento da população é alto?

O crescimento dos índices de endividamento e inadimplência é normal quando a atividade econômica enfraquece, mas o que estamos observando é que não é nada muito forte. E esse endividamento baixo da população se deve principalmente ao fato dos bancos serem conservadores, oferecendo crédito em condições pouco convidativas de juros altos. Temos que observar que vivemos um período de estagnação da economia, mas mesmo assim ainda não enfrentamos uma crise para inadimplência.

Por que acreditar no Brasil?

Apesar de tudo que estamos passando o Brasil é um país com um dom maior, com ótimos dados demográficos  e com um mercado ainda grande a ser explorado por causa de nossa população. Mesmo com a sequência de erros que foram cometidas estamos com uma economia muito mais saudável do que a 20 anos atrás. Se considerarmos o mundo iremos observar que temos países igual ao Brasil com problemas muitos mais sérios tanto democraticamente falando como em relação à economia. Assim, temos que acreditar no Brasil, ver que ainda somos muito atraentes, mas que existem necessidade de correções e muitas.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]

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