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Categorias de base: formando bons profissionais

Quem conhece um pouco de futebol entende bem o termo categorias de base, essa é a prática nos esportes de ter crianças e adolescentes dentro de uma agremiação esportiva com o intuito de formar esses jogadores para que no futuro se tornem grandes profissionais.

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No esporte, esse investimento é muito importante para as entidades, rendendo ótimos retornos. Contudo, fazendo um paralelo ao mundo profissional, é claro que não se pode nem ao menos cogitar o uso de trabalho infantil, mas as empresas estão cada vez mais investindo em formar seus profissionais desde a base. Assim cria-se uma nova cultura organizacional, com pessoas mais qualificadas e adequadas às políticas de uma empresa.

Essa contratação pode ser feita de algumas formas, mas as mais frequentes são os jovens aprendizes, estagiários ou trainees. Lógico que esse não é um processo simples, mas os resultados são muito positivos para todos, com as empresas ganhando em qualidade profissional e minimizando a necessidade de reconstruções e para os jovens ganhando experiência em um momento que a colocação no mercado é muito difícil.

“Um dos principais custos de uma empresa geralmente está relacionado à folha de pagamento. Para piorar, contratar profissionais errados para qualquer cargo resulta em um grande custo para empresa. Já nos modelos de jovens aprendizes, estagiários ou mesmo trainees existe um custo menor, além da possibilidade de avaliação da real intenção de crescimento e qualificação, simplificando os resultados”, explica Celso Bazzola, diretor da Bazz Estratégia de Recursos Humanos.

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Aprendiz

O programa de Jovem Aprendiz é baseado na Lei 10.097/00, também conhecida como Lei de Aprendizagem. Ele visa capacitar jovens estudantes, entre 14 e 24 anos, para ingressarem no mercado de trabalho.

O contrato com um aprendiz pode ter duração máxima de 2 anos e tem como base as regras trabalhistas previstas na CLT, mas nesse caso a alíquota do FGTS é de 2%.

A carga horária é dividida entre o curso profissionalizante — que deve ser realizado em uma instituição qualificada — e a atuação na empresa, não podendo ultrapassar 8 horas diárias.

Toda empresa com 7 funcionários ou mais é obrigada a contratar aprendizes de acordo com o percentual indicado legislação que varia entre 5% e 15% do total de colaboradores. Já para as micro e pequenas empresas, a contratação é facultativa.

Para empregar estes jovens profissionais, a organização deve entrar em contato com instituições de ensino ou entidades que possuam um programa de aprendizagem.

Estagiário

Essa é uma forma de regime de trabalho para jovens que estejam cursando o ensino médio ou superior. Nesta modalidade de contratação, o estudante poderá colocar em prática o que aprende na teoria.

A Lei classifica o estágio em obrigatório e não obrigatório:

Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma.

Estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória.

O estagiário não cria vínculo empregatício com a empresa, sua admissão é feita com base na Lei de Estágio, que estipula prazo máximo de 2 anos em um mesmo empregador, exceto em caso de estagiário com deficiência.

A carga horária máxima de estágio na empresa é de até 6 horas diárias e 30 semanais e a bolsa auxílio varia conforme a área de atuação. Existe também a previsão do recesso remunerado proporcional à razão de 30 dias a cada 12 meses de estágio.

Qualquer empresa pode contratar estagiários, inclusive profissionais liberais de nível superior e que possuam registro em conselho profissional, tais como dentistas, advogados e arquitetos. Porém, a cota de estagiários na empresa deve respeitar o limite indicado na legislação vigente e varia de acordo com o quadro funcional exclusivamente para alunos do ensino médio regular.

Para realizar o processo seletivo, geralmente, as organizações contam com empresas especializadas que fazem a mediação entre empregador e estudante e auxiliam em questões burocráticas da contratação.

Trainee

O trainee é um colaborador efetivo da empresa contratado via CLT. A diferença nessa forma de trabalho é que o profissional, recém-formado no curso superior, passa por um treinamento intenso dentro da organização para que possa se desenvolver e assumir uma posição gerencial.

Normalmente, este tipo de programa é realizado por grandes empresas que buscam identificar jovens talentos com potencial e habilidade para se tornarem líderes.

O processo seletivo é realizado por consultorias especializadas, pois é bastante concorrido e conta com inúmeras fases.

Estas são as três formas de contrato com estudantes e jovens profissionais. Para escolher entre Jovem Aprendiz, estagiário ou trainee, é preciso analisar as particularidades de cada função e verificar qual delas é a mais adequada às necessidades e estrutura da empresa.

Confirp colocou o time em campo

São milhares as histórias de profissionais que foram benéficas para empresas e trabalhadores em função de programa de Jovem Aprendiz. A grande vantagem para o empregador, como dito, é ter um funcionário moldado às suas necessidades, criando uma relação de conhecimento e fidelidade.

Na Confirp Consultoria Contábil, uma das principais empresas de contabilidade do país, os resultados são muito positivos. “Temos um histórico de sucesso em relação a contratação desses profissionais fato que se confirma em números”, conta Richard Domingos, diretor executivo da empresa.

Um exemplo é o consultor trabalhista da Confirp, Daniel Raimundo dos Santos, ele conta um pouco sua história de sucesso:

“Eu era do CAMP – Círculo de Amigos do Menor Patrulheiro -, que prepara jovens para o mercado de trabalho. Depois de algumas entrevistas sem sucesso fui encaminhado para uma empresa de contabilidade na região do Jabaquara, fiz a entrevista e fui convidado a iniciar o trabalho em 1995, como auxiliar externo. Fiquei no departamento de expedição por quase dois anos, até que fui efetivado e recebi a oportunidade de ir para a área pessoal, onde iniciei meu grande aprendizado nas questões Previdenciária e de trabalho. De auxiliar cheguei a gerente do setor”, conta.

Hoje, a empresa tem casos de áreas com cerca de 50% de seus profissionais tendo iniciado como aprendizes, como ocorre na área contábil, que possui 40 colaboradores.

Bate-bola com as categorias de base

Dois exemplos recentes são as profissionais Kathleen Gonçalves e Andresa Silva, que começaram como jovens aprendizes e foram efetivadas no marketing e no financeiro, respectivamente.

Elas demonstram a importância que o projeto teve na vida delas. Segundo Kathleen, a escolha da empresa já foi acertada desde o início. “Procurava uma empresa que prezava os valores e os planos de carreira de seus funcionários, uma empresa que tinha visão de crescimento e, é claro, uma área que eu pudesse me empenhar para desenvolver o meu sucesso profissional. Na Confirp, acertei”.

Mas nem tudo é um paraíso, como conta Andresa: “Aqui foi o meu primeiro emprego, então tudo era muito novo, assustador. Contudo, o processo é claro e te dá acesso a uma série de informações e fui treinada por excelentes profissionais que me ajudaram no meu desenvolvimento. Fui adquirindo o máximo de conhecimento que podia e com o tempo ficou entendível e evidente”.

Essas jovens são a prova do retorno para as empresas: “O sentimento que tenho relacionado a todas as oportunidades que venho recebendo nessa caminhada é gratidão” conta Kathleen. Andresa compartilha o sentimento. “Hoje faço parte do time da Confirp e me sinto agradecida por todas as oportunidades que recebi, porque reconheço a profissional que me tornei aqui, mas que ainda está em evolução”.

Mas para as empresas o sentimento também é positivo. “Estabelecer a política de contratar esses jovens é um grande acerto da Confirp, pois, estamos formando profissionais de grande qualidade e que dão retorno para empresa em curto, médio e longo prazo. Além disso, pegamos profissionais sem vícios de outras empresas e que se adequam aos nossos propósitos”, explica a gerente de Recursos Humanos da Confirp, Cristine Pereira.

A opinião é compartilhada pelo diretor de Qualidade da Confirp, Rogério Sudré: “A Confirp sempre prezou em ter entre seus colaboradores jovens promessas, que pudessem ser desenvolvidos e treinados pelos melhores técnicos e experientes, para formação e ingresso em suas áreas técnicas. Com o programa Jovem Aprendiz, de fato nossa tarefa ficou fácil, visto que unificamos o que já desenvolvíamos em nossa empresa com o proposto pelo programa”.

Ele complementa que as empresas que tirarem o melhor proveito do programa sairão na frente das demais, ou seja, uma vez observado como um investimento futuro, sério, de desenvolvimento e acompanhamento desses jovens, obviamente colherão os frutos de uma formação que de fato é “feita em casa”.

“Os impactos nesse caso são positivos, porém se as organizações tratarem todo esse processo como um cumprimento de uma obrigação e custo, perderão a oportunidade de desenvolvimento voltado ao seu próprio negócio”, explica. O Jovem Aprendiz começa a enxergar o mercado de trabalho como uma grande oportunidade de carreira, crescimento e possibilidade de efetivação, e ainda por consequência ter seu próprio recurso financeiro.

Outros jogos

Mas não apenas os aprendizes fazem sucesso, os estagiários também conquistam muita satisfação dos gestores das empresas. É o caso da associação de redes farmacêuticas Febrafar, que conta com uma forte política de estágio.

“Temos um quadro de muitos funcionários e desses temos alguns estagiários. Para nossa alegria, as pessoas que contratamos nessa situação duram pouco, pois logo são efetivadas na empresa, isso mostra o empenho que eles dedicam ao contratante”, explica Viviane Meneghello, coordenadora de Recursos Humanos.

Estatísticas em campo

Essa ação acompanha um crescimento no número de contratados nessa situação no país. Segundo a pesquisa ‘Benefícios Econômicos e Sociais do Estágio e da Aprendizagem’, do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) ocorreu o aumento de 339 mil vagas em 2010 para 498,3 mil em 2017, o que representa um crescimento de 47,1%.

Desses, 292 mil recebem bolsa-auxílio. Outro dado divulgado pelo CIEE mostrou que 81% ajudaram a família em casa com os gastos enquanto trabalhavam.

Já a mesma pesquisa aponta que, em 2017, cerca de 386 mil jovens entre 14 e 24 anos trabalhavam como aprendizes, sendo um quarto no comércio e um quinto no setor industrial. No entanto, médias e grandes empresas, que por lei precisam contratar, pelo menos, 5% de funcionários jovens aprendizes, não atingiram a meta em nenhuma unidade da Federação.

Apesar dos números, segundo o superintendente geral do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, Humberto Casagrande, é preciso melhorar as estatísticas e visitar instituições e conscientizar as empresas da importância do programa para reduzir a parcela de estudantes que não trabalham nem estudam. “As empresas precisam enxergar o Jovem Aprendiz como bônus e não ônus. É uma mão de obra sem vícios e com muita vontade de aprender e crescer na carreira”, conta.

A vontade que Humberto afirma existir é confirmada pelas ex-aprendizes da Confirp. “Como Jovem Aprendiz, hoje o meu DNA se confunde com o da empresa. Assim, eu pude aprender que a honestidade e a responsabilidade te levam a lugares altos, mas depende de você dar o seu melhor para receber o devido reconhecimento, a oportunidade bate à porta de todos, mas tudo irá depender de suas escolhas, porque são elas que geram as consequências do seu futuro. Se eu pudesse passar uma mensagem para os jovens da minha idade, eu diria para eles estudarem e darem o seu melhor, independentemente da empresa em que estão. Aquele que sabe o que planta, não teme a colheita”, filosofa Kathleen.

Fim de jogo

Mesclar a experiência de profissionais de mercado com a inserção de jovens desprovidos de vícios e prepará-los ao molde de uma empresa é uma solução que proporciona os melhores resultados para um time de futebol ou para o time de uma empresa.

Hoje existem diversos talentos fazendo ‘gols de placa’, trazendo ótimos resultados para as empresas, com atendimento personalizado na medida certa que a empresa necessita. O amor à marca (camisa do time) é algo que fica evidente nestes profissionais, além da garra, do desejo de crescer e da cumplicidade, outros atributos formados nesses celeiros de talentos.

 

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