Planejamento Tributário com Empresas Offshore: Como Aproveitar Oportunidades e Evitar Riscos nas Novas Regras Fiscais

Em um cenário de profundas transformações no sistema tributário brasileiro, impulsionadas pela Reforma Tributária que entrará em vigor nos próximos anos, empresários e investidores precisam redobrar a atenção. As mudanças afetarão praticamente todo o modelo de apuração e recolhimento de tributos, o que torna essencial repensar estratégias de planejamento tributário — inclusive aquelas que envolvem estruturas no exterior. Nesse contexto, as empresas offshore continuam despertando grande interesse. Cercadas de mitos e questionamentos, essas estruturas podem, quando bem planejadas e dentro da legalidade, ser ferramentas eficazes de internacionalização de patrimônio, eficiência fiscal e proteção de ativos. Contudo, em um ambiente tributário em transição, nunca foi tão importante estar bem-informado e buscar orientação técnica qualificada antes de adotar qualquer estratégia.     O que é uma empresa offshore e como ela funciona no planejamento tributário   A expressão offshore se refere a uma pessoa jurídica registrada em jurisdição diferente daquela em que residem seus proprietários ou controladores. Empresas offshore são frequentemente constituídas em países ou territórios com regimes tributários mais vantajosos e menor burocracia regulatória — mas isso não as torna, automaticamente, ilegais. O ponto central está na finalidade e conformidade da estrutura. Nem toda jurisdição estrangeira é um “paraíso fiscal”. O termo é reservado para locais com alíquotas extremamente baixas, sigilo societário e baixa troca de informações com outros países.     Vantagens de usar empresas offshore na gestão patrimonial e fiscal   Quando bem estruturadas e devidamente declaradas, as offshores podem trazer benefícios legítimos, como: Redução ou diferimento da carga tributária Possibilidade de diferir a tributação sobre rendimentos, lucros e ganhos de capital até o momento da repatriação, dependendo da legislação vigente. Planejamento sucessório e proteção patrimonial Holdings e trusts offshore permitem organizar a sucessão de bens e reduzir conflitos familiares, com maior sigilo e previsibilidade. Diversificação e internacionalização Facilita investimentos globais, acesso a diferentes moedas e mercados, além de reduzir a exposição a riscos econômicos locais. Gestão patrimonial eficiente Centraliza ativos e participações em uma única estrutura, otimizando a governança e simplificando o controle.     Principais riscos e cuidados ao investir em offshores   O uso indevido de offshores pode gerar sérios problemas fiscais e criminais. Conforme explica Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Contabilidade, “a estrutura offshore só é benéfica quando há planejamento, propósito econômico real e total conformidade com as normas brasileiras”. Entre os principais riscos estão: Risco tributário: utilização para ocultar rendimentos ou lucros configura evasão fiscal, sujeita a autuações e penalidades. Risco regulatório e reputacional: a simples vinculação a paraísos fiscais pode gerar desconfiança e monitoramento mais intenso por parte das autoridades. Custo de manutenção: auditorias, contabilidade e compliance internacional exigem estrutura profissional e investimento contínuo. Fiscalização crescente: o Brasil aderiu a tratados internacionais de troca automática de informações, o que reduz brechas para omissão de ativos no exterior.     Impactos da Lei 14.754/2023 e da Reforma Tributária sobre as offshores   As mudanças promovidas pela Lei 14.754/2023 e o avanço da Reforma Tributária modificam significativamente a forma como lucros de offshores controladas por brasileiros são tributados. Agora, mesmo lucros não distribuídos podem ser tributados anualmente no Brasil, especialmente quando a empresa está em jurisdição de tributação favorecida. Além disso, há novas exigências contábeis, como a adoção de padrões brasileiros em determinadas situações e maior transparência na declaração de ativos. Essas regras visam impedir o uso abusivo de estruturas internacionais apenas para economia de impostos, reforçando a importância de que todo planejamento tenha base legal sólida e propósito econômico verdadeiro.   Como estruturar uma offshore de forma segura e eficiente?   Para quem pretende adotar uma estrutura internacional, a Confirp recomenda seguir etapas bem definidas:   Definir objetivos claros — É essencial saber se a offshore será usada para proteção patrimonial, sucessão, investimentos ou operações comerciais. Escolher a jurisdição adequada — Avaliar estabilidade política, reputação, tratados de bitributação e compliance internacional. Manter contabilidade e compliance atualizados — Garantir registros transparentes e alinhados às exigências brasileiras. Declarar corretamente ao Fisco — Toda offshore e conta bancária no exterior deve ser informada à Receita Federal e ao Banco Central (CBE – Capitais Brasileiros no Exterior). Buscar assessoria especializada — Contar com apoio de profissionais de contabilidade internacional e direito tributário é indispensável para mitigar riscos.   Em tempos de transição tributária e aumento da fiscalização internacional, o planejamento tributário com empresas offshore exige ainda mais cuidado e informação. O que antes poderia ser uma simples estratégia de eficiência fiscal, hoje demanda transparência, documentação robusta e aderência às novas regras. Como reforça Richard Domingos, da Confirp Contabilidade, “as offshores continuam sendo uma ferramenta poderosa para quem busca internacionalizar o patrimônio e diversificar investimentos — desde que estruturadas com planejamento, legalidade e propósito econômico claro”. Diante das mudanças que o Brasil viverá nos próximos anos, estar bem assessorado e atualizado nunca foi tão importante. Afinal, o que hoje é uma oportunidade pode, sem o devido cuidado, se tornar um passivo tributário no futuro.   Veja também: Como Grandes Empresários Usam Offshores para Expandir Seus Negócios Offshore: saiba o que é e como abrir esse tipo de empresa Aspectos Contábeis e Fiscais das Offshores: o que mudou após 2024 e como manter a conformidade

Aspectos Contábeis e Fiscais das Offshores: o que mudou após 2024 e como manter a conformidade

As estruturas offshore ganharam novas camadas de complexidade nos últimos anos — especialmente a partir de 2024, quando passaram a valer mudanças relevantes nas regras de tributação e declaração de rendimentos obtidos no exterior. Essas alterações já estão em vigor e exigem atenção redobrada de quem possui empresas ou aplicações fora do país. De acordo com Richard Domingos, diretor executivo da Confirp Contabilidade, a Receita Federal intensificou a exigência de transparência e controle sobre ativos mantidos em outros países, incluindo empresas offshore, trusts e contas bancárias no exterior. Agora, os lucros obtidos por essas estruturas devem ser informados de forma detalhada na declaração de Imposto de Renda, e estão sujeitos a tributação anual de 15% sobre os ganhos apurados.       Regimes de Tributação das Offshores: Transparência Fiscal ou Opacidade   No modelo atual, as empresas offshore podem ser enquadradas em dois regimes de tributação: transparência fiscal ou opacidade.   Transparência fiscal: todos os rendimentos da empresa são tratados como se fossem do próprio investidor, sendo tributados anualmente no Brasil à alíquota de 15%. Opacidade: a tributação ocorre apenas quando há distribuição efetiva de lucros ao investidor, respeitando as regras do país onde a empresa está sediada.   Domingos destaca que a escolha entre os regimes deve ser feita com muito cuidado, pois é irreversível. “Diferente da opção entre declaração simplificada e completa, o regime de tributação da offshore é definitivo. Uma vez escolhido, valerá até o encerramento da empresa”, explica o especialista.   Contabilidade Internacional e Conformidade Fiscal das Offshores   Outro ponto essencial é a manutenção contábil da offshore, que deve seguir padrões internacionais e comprovar a origem dos recursos. Mesmo sendo empresas sediadas fora do país, elas precisam apresentar relatórios financeiros consistentes, especialmente se houver movimentação patrimonial relevante. Além disso, todos os bens e aplicações pertencentes à offshore devem ser declarados individualmente no Imposto de Renda do titular brasileiro. Isso inclui ações, imóveis, participações societárias e aplicações financeiras. Essa exigência reforça o princípio da transparência fiscal e evita que o contribuinte seja enquadrado por omissão de rendimentos. Segundo a Confirp, um erro comum é considerar que a simples abertura de uma empresa offshore gera benefícios automáticos. “Sem contabilidade adequada e sem controle sobre a tributação dos lucros, o risco de autuação cresce consideravelmente. É fundamental manter registros atualizados e comprovar a legitimidade das operações”, alerta Domingos.     Atualização de Valores e Tributação de Ganhos no Exterior   Desde 2024, os contribuintes com bens ou direitos no exterior podem atualizar o valor de mercado de seus ativos, mediante pagamento de 8% sobre o ganho de capital. Essa atualização é opcional, mas pode ser vantajosa para quem pretende regularizar ou alinhar os valores patrimoniais ao câmbio atual. A Confirp recomenda que essa decisão seja tomada com suporte técnico, pois afeta diretamente o cálculo dos rendimentos futuros e da tributação sobre ganhos de capital.   Planejamento Tributário e Transparência na Gestão de Offshores   Para Domingos, o cenário atual reforça a importância de aliar planejamento tributário e contabilidade internacional. “Ter uma offshore continua sendo uma alternativa legítima e estratégica — desde que usada de forma transparente e com acompanhamento profissional. A fiscalização está cada vez mais detalhada, e a falta de conformidade pode gerar custos elevados e problemas legais”, afirma. Assim, quem já possui ou pretende constituir uma estrutura offshore deve considerar que o ambiente fiscal global está em constante transformação, e que estar em dia com as exigências contábeis e fiscais é a melhor forma de garantir segurança e eficiência tributária.   Veja também: Como Grandes Empresários Usam Offshores para Expandir Seus Negócios Offshore: saiba o que é e como abrir esse tipo de empresa Empresas Offshore: vantagens, riscos e o que o empreendedor precisa saber

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